ENCONTROS DA PRIMAVERA
Picote (Miranda do Douro)


Em 2018 e 2019 tive a oportunidade de ser convidado como curador  dos Encontros da Primavera, uma residência artística e evento interdisciplinar entre arte contemporânea e antropologia, sediado em Picote, Trás-os-Montes, Portugal.

Mais info em 

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XIV EDIÇÂO - 2019







XIII EDIÇÂO - 2018



Decorreu em Picote, entre 7 e 10 de Junho de 2018, a XIII edição dos Encontros da Primavera. Os Encontros são um evento anual iniciado pelo Humberto Martins (professor de antropologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro) e que já está a ser organizado há mais de 10 anos em Trás-os-Montes, e em Picote desde 2015. Representam uma rara oportunidade para discentes, curiosos e profissionais da área da antropologia para abrir os seus horizontes, se confrontar com uma realidade cultural, social e paisagística única, e experimentar formas alternativas de partilha, convívio e diálogo fora dos moldes rígidos dos encontros académicos.

A edição deste ano teve como tema geral “Antropologia, paisagem, sentidos: pesquisa e arte de/na paisagem” pretendendo focar o tema da interação entre seres humanos e paisagem, e os diálogos possíveis entre a antropologia e a arte contemporânea. A aldeia de Picote é um contexto particularmente interessante para explorar este tema, porque permite um contato direto com um ecossistema natural cenográfico, o da ribeira do Douro, fortemente marcado pela presença milenária da atividade humana na paisagem: desde os socalcos abandonados até a barragem. Isto faz deste lugar um sitio particularmente interessante para explorar a relação entre ser humano e paisagem, e para refletir e intervir sobre/na paisagem a partir da exploração desta relação.

Apesar do manter o seu tradicional enfoque antropológico, a XIII edição abriu às suas portas para projetos, reflexões e convidados que apresentem reflexões sobre a paisagem e a relação entre paisagem e atividade humana a partir de áreas e práticas de pesquisa diferentes e mais amplas, inclusive artísticas e sensoriais. Assim, entre os nossos convidados, estiveram artistas que trabalham com landscape art e sound recording, fotógrafos e video-makers, antropólogos que trabalham sobre a paisagem e o ambiente, sobre o place-making, sobre a relação entre seres humanos e natureza, abrindo um espaço de reflexão e diálogo entre diferentes práticas de pesquisa na/sobre a paisagem e a sua representação.

O evento incluiu um programa de residência artística de 10 dias (de 28 de maio a 6 de Junho), ao qual participaram os artistas Marcelo Moscheta (Brasil) e Seila Fernández Arconada (Espanha). A residência artística desembocou nos próprios Encontro da Primavera (7-10 de Junho), com um programa de atividades de exploração do território e da paisagem, apresentação dos trabalhos dos artistas em residência, mesas redondas multidisciplinares. Destacou-se ainda a exposição de fotografia de Cláudia Costa, ‘Terra Fria, Alma Quente’, dedicada à Terra Fria Transmontana.

O evento foi oportunidade também para refletir sobre o papel da pesquisa, e da pesquisa artística e antropológica em particular, como instrumento para concretamente repensar e ressignificar os territórios do interior na sua contemporaneidade, para além da lógica do folclore, do património e da preservação, da suposta ‘tradição’ e ‘identidade perdida’. Trás-os-Montes não é imóvel, não está parado nalguma ‘outra’ temporalidade. É contemporâneo, é agora, é já. Transforma-se continuamente segundo lógicas complexas e globais. É o resultado de politicas económicas e sociais reais, concretas, contemporâneas, específicas. Não existe um fado, uma única narrativa, uma única forma de contar esta história e o futuro desta região. Acredito que a arte contemporânea possa ser uma das forças simbólicas capazes de criar novos significados, de instituir um espaço de diálogo amplo e atual, de oferecer uma leitura complexa do território e de inventar novos símbolos, ou restituir nova vida aos antigos.

O evento, este ano com apoio financeiro da Fundação Maria Rosa no âmbito das Conferências do Douro 2108 e do CRIA (Centro em Rede de Investigação em Antropologia), foi coordenado pelo CETRAD - Centro de Estudos Transdisciplinares para o Desenvolvimento, um centro de pesquisa da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em parceria com FRAUGA – Associação para o Desenvolvimento Integrado de Picote e com a Junta de Freguesia de Picote. Contou ainda com o apoio da UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; APA - Associação Portuguesa de Antropologia; Mestrado em Antropologia ISCTE-IUL/UTAD; Departamento de Antropologia ISCTE-IUL (Lisboa); ECSH – Escola de Ciências Sociais e Humanas, ISCTE-IUL (Lisboa); Núcleo de Astronomia da UTAD.

(Elaboração gráfica Gonçalo Mota)

Fotografias de Cláudia Costa



(Marcelo Moscheta)


(Seila Fernández Arconada)


(Seila Fernández Arconada)


(Cláudia Costa)


(Seila Fernández Arconada)


(Marcelo Moscheta)